segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Little Miss Whatever

No Top 100 de coisas deprimentes do mundo eu incluiria concursos de beleza infantil. Digo Top 100 porque obviamente há coisas muito piores, como a fome, a poluição, a pobreza e o programa do Faustão.

Mas essa modinha de miss não sei o quê para a fedelhada é muito ridícula. Concursos de beleza em geral já me parecem péssimos. Viram o último Miss Brasil? Eu dei uma olhada. Uma roupa mais brega que a outra, as candidatas com aqueles sorrisos forçados. Fora que a maquiagem e as plásticas deixam todas mais ou menos com a mesma cara. Mas a coisa fica pior quando se trata de crianças porque... são crianças! Criança tem que brincar e estudar, não ficar fazendo pose sexy com coroinhas de strass e competindo com outras crianças por dinheiro, alguma fama ou para a satisfação pessoal da infeliz da mãe.

Hoje mesmo tinha uma reportagem no G1 com crianças que participam dessas patacoadas. Há algum tempo tinha lido uma matéria sobre isso na Veja também. Uma das meninas, inclusive, apareceu nas duas. Uma loirinha até bonita, mas tão maquiadinha que fica estranha. Pelo que vi ela até tira a sobrancelha. Sendo que ela tem só seis anos. Não é triste uma menina que tira a sobrancelha aos 6 anos? Fora a vida que deve ter, de viajar, cumprir horários, estar sempre empetecada e sorridente. Ela vai ter tanto tempo na vida para se preocupar com essas coisas... não dá pra deixar ela brincando de Barbie, sossegada?

Uma outra menina dessas diz: “quando eu era criança, pedia para aparecer na televisão, e uma vez eu e meu irmão tentamos quebrar a TV para entrar dentro. Meu sonho é ser atriz e trabalhar com a Xuxa e o Didi.” Reparem no "quando eu era criança..." ERA? Essa outra menina também tem 6 anos! Agora ela não é mais criança? É o que, pré-pré-adolescente? Que nome vão inventar pra crianças de 6 anos? Já tem pré-adolescente, tween, teen...

Acho um absurdo. Oi, elas são pequenas! Não sabem nada do mundo! Até aí, com 6 anos eu queria ser astronauta e nem por isso mamãe me mandou pra um treinamento na NASA. "Para ela é como se fosse uma brincadeira, ela adora", diz a mãe da loirinha de sobrancelhas feitas, que ganhou duas vezes um tal de Little Miss World. Será mesmo?? Diz o texto: "(Fulaninha) só teve tempo para retocar as luzes e fazer a unha antes de embarcar para o Equador para garantir o título consecutivo". Retocar as luzes?? Ela tem SEIS anos!! Como vai estar o cabelo dela aos 27? E a cabeça?

Ok, se é um talento, a criança é atriz, vá lá, isso existe desde Shirley Temple ou antes, vai saber. Ás vezes isso fode a cabeça do indivíduo, mas até aí tantas outras coisas também fodem e não necessariamente porque o fedelho apareceu na TV ou fez um filme. Mas botar a criançada pra se exibir pra meia dúzia de gato pingado como se fossem cachorros de raça, embonecá-las daquele jeito, levar as coitadinhas pra cima e pra baixo, competir... não dá, né?

Quero ver essa meninada com quase 30, como vai estar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Da série "a gente sabe que está ficando velha quando..."

Esses dias, estava eu entrando no supermercado quando escuto umas vozesinhas irritantes cantando a musiquinha da Família Adams e dando risada bem alto. Eram três adolescentes, uns 13, 14 anos, de uniforme do colégio e tudo. Atrás delas tinha um menino da mesma idade, sorrindo, com cara de bonzinho. Devia ser o melhor amigo delas, provavelmente apaixonado (e não correspondido) por uma.

Que cazzo elas estavam fazendo sozinhas num supermercados ás 6h30 da tarde, eu não sei. Espero que não tenham ido comprar breja. Elas eram tão novinhas.

Não pude evitar um olhar atravessado, acompanhado do pensamento "mas a molecada dessa idade é muito babaca mesmo". Mas aí lembrei que eu, na mesma idade, era igualmente babaca. Ou pior. E até bem depois disso. Pensando bem, até hoje eu tenho ataques de boba alegre, como buzinar e dar tchau pras pessoas na rua quando estou com as amigas no carro. São menos frequentes que quando eu tinha 15 anos, ou 20, mas de vez em quando acontece. Então por que me irritar com as coitadinhas?

A gente sabe que está ficando velha quando adolescentes irritam por coisas que a gente fazia na idade deles.

sábado, 12 de setembro de 2009

Banheiro de Academia

É, minha filha. Tem que se cuidar. Você já não é mais uma criança e a lei da gravidade é implacável. Aos poucos tudo fica mais molinho, mais caidinho, mais enrugadinho. Sua mãe fala "você tem que se cuidar". Suas amigas. As revistas. Os programas de TV. Sua consciência.

Frente a esta terrííível realidade, muitas neurót... digo, muitas mulheres se munem de boa-vontade e se matriculam em uma academia. Acho ótimo, a gente tem mais é que se sentir bem e, se pra isso é preciso ir à academia, beleza. Mas tem uma coisa muito, muito chatinha em qualquer um destes templos do esporte, do suor e das camisetas surradas: o banheiro. A hora do banho é uma hora infeliz.

Primeiro que você tem que ficar pelada na frente de um monte de desconhecidas. Eu tenho menos vergonha disso do que eu pensava que ia ter, mas não é a melhor coisa do mundo. Porque a mulherada se olha. Calma, rapazes! Não são olhares lascivos, "uh, eu a quero", são olhares "quero ver se essa bunda toda tem celulite" ou "isso é peito mesmo ou é o sutiã?". Então você tá lá, tira o sutiã e de rabo de olho nota que a moça a sua frente tá dando aquela conferida de soslaio. Aliás vocês não sabem o prazer que é ver que aquela nojentinha que se faz de gostosa está cheia de estrias. A mulherada há de concordar comigo. Mas em compensação é uma merda constatar que aquela loirinha realmente não tem uma banhinha sequer.

Mas o terror mesmo são as crianças. Como é o vestiário feminino, há muitas que também fazem esporte lá com as suas mães. E sabem como é, elas podem ser sinceras demais, não têm maldade. Aí você lá, como veio ao mundo, olha a fedelhada ao redor e bate aquele medo de que um deles vire pra mãe e pergunte "mamãe, por que a tetinha dela é tão grande?". Ou pior ainda: "mamãe, por que a periquita dela é tão peluda?". Inverno, sem namorado, não é sempre que a gente tá com os pêlos pubianos em dia.

Outra questão é a mochila. Pelo menos na academia que eu alguma vez frequentei era assim: quando você chega, deixa suas coisas com uma tia, igual chapelaria de balada, ou as coloca em armários. Eu sempre deixava com a tia. Quando termina a aula você pega as coisas de volta, e é aí que vem a dúvida: enquanto tomo banho, devolvo a mochila pra tia, a deixo na bancada entre os boxes ou nos bancos na área pra se trocar? O que eu pego, o que deixo na mochila? Na bancada não vai molhar tudo? Vão me roubar algo enquanto eu tomo banho?

Passados estes percalços, finalmente é hora do banho. Você pendura a toalha, rápido pra ficar o menor tempo possível pelada na área púbica, digo, pública. Foda é quando algo cai no chão e você pelada pelada nua com a mão no bolso...Seinfeld já dizia que há a nudez boa e a nudez ruim. Pegar algo que caiu no chão pelada, dar aquela agachada, seguramente é nudez ruim.

Entramos no box. Abre o chuveiro, a água sempre cai ou queimando ou gelada, o que significa sofrimento até você conseguir ajeitar. Aí ás vezes vem aquela vontade de fazer um pipizinho e bate a dúvida moral: mijar aqui mesmo ou esperar pra ir na privada? Poxa, foda mijar assim em um box que será usado por outras pessoas. Ah, mas a galera sabe que tem que usar chinelinho pra tomar banho na academia, ninguém vai entrar em contato com meu xixi...fora que essa água toda leva ele embora rapidinho. Ah, mas é chato...só que é fogo se segurar com aquela água toda caindo sobre você. Admito que já segurei, mas tambem já fiz. E quem nunca mijou em lugares públicos mijáveis (exemplo: piscina de hotel), que atire a primeira pedra.

Ainda no banho, chega a hora de lavar as partes pudendas e você nota que a cortininha do box não fecha direito. Puxa daqui, puxa de lá, e a porra da cortininha não - fecha - direito. O que fazer? Você não quer que te vejam lavando a bacurinha, pelo menos não mulheres em um banheiro de academia. Mas não há o que fazer. Você levanta uma perna, encosta o pé na parede pra dar aquela abertura (e vem o medo das crianças dizendo "mamãe, a moça que tá tomando banho aqui tem uma perna só?"), segura na mão de Deus e vai, tentando não pensar que alguém pode estar te vendo.

Acaba o banho, mais dúvidas: me seco dentro do box ou fora? O que coloco primeiro, a calcinha ou o sutiã? Com que eu fico menos pelada? O que eu quero que menos pessoas vejam, a bucicleide ou a peitaria? Visto a calça aqui ou lá? Mas aqui vai molhar, não? Como eu faço pra me secar e meio que me esconder com a toalha ao mesmo tempo?

Dúvidas, dúvidas. Tomar banho na academia é um troço muito complicado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eu tenho que...

Estudar ir à ginecologista arrumar um dermatologista e um dentista e um oculista trabalhar pensar no que eu posso inovar no trabalho me matricular na academia fazer ginástica pagar as contas fazer supermercado comer menos limpar meu armário calibrar os pneus do carro terminar o MBA escrever pros amigos ligar pros amigos dar atenção ao namorado ler mais livros ligar pra minha avó fazer pelo menos três tramites de documentos pegar a minha carteirinha escrever mais no blog escrever mais no outro blog organizar as fotos passar fotos pro computador arrumar o computador que tá péssimo lavar a louça passear mais pela cidade viajar mais pelo país ver como estão as minhas subordinadas passar hidratante depois do banho atualizar o facebook o orkut twittar coisas interessantes pensar no que eu quero da vida e nos meus planos pensar o que vou fazer no meu aniversário dirigir com cuidado passar as fitas cassete que gravei pra DVD reciclar o lixo comprar umas plantas pra casa estar sempre atualizada e bonita

e a lista não acaba nunca.

A gente sempre "tem que" alguma coisa. É incrível como sempre tem algo pendente na nossa vida, por mais que a nossa vontade seja desencanar de tudo e sair cantando "me deixaaaa que hoje eu tô de bobeiraaa bobeeeeiraaaa!!". Quando a gente resolve uma coisa, não dá nem pra dar um sorriso suspirado de "ufa!" que já tem um monte de outras coisas na fila. E elas não param de aparecer, não param. Que saco! Ás vezes não são deveres propriamente ditos, mas coisas que você "tem que" fazer para supostamente melhorar algum aspecto da sua vida. Ler mais ou fazer ginástica, por exemplo.

A impressão que dá é que estamos pegando umas gotinhas com as mãos quando o que está caindo é uma cachoeira.

O que fazer? Fazer tudoaomesmotempoagora? Não ter nem 30 anos e já estar estressada, com gastrite, síndrome do pânico ou coisa que o valha (como muita gente por aí?).

Acho que a gente tem que aprender a conviver com as pendências. Tentar resolvê-las, claro, mas sem enlouquecer (faça o que eu digo mas não o que eu faço, eu empurro com a barriga até onde der - maldita mania, maldita mesmo)

É fato: cada vez mais vamos ter menos tempo pra deitar na cama e ficar olhando pro teto. Quanto mais adultos, mais responsabilidades. O jeito é conviver com isso e tentar ir fazendo tudo de uma maneira que não nos deixe ansiosos demais. E tentar guardar sempre um tempinho pra espairecer, pra sentar e ver bobagem na TV, ver as pessoas passarem, não pensar em nada muito complicado ou "devido".

Repararam como usei o verbo "tentar", né? Porque não é mole, não...

Mas por mais cobrança e pressão e responsabilidade e uma série de outras chatices que a gente tenha, acho que o principal é não levar nada - ok, quase nada - tão a sério. Relativizar. E rir. Sempre!

sábado, 5 de setembro de 2009

Dias antes dos 30

A proximidade dos 30 dá um nozinho nas nossas lindas cabeças de cabelos bem cuidados. É uma época em que fazemos balanços, pensamos se a vida foi pra onde a gente queria, se estamos como queríamos estar ou onde deveríamos estar, se temos que fazer uma curva brusca, pegar um atalho ou dar uma rézinha.

Falta pouco mais de um ano para os meus 30. É, nem 29 eu fiz ainda e já estou nessa crise. Mania de mulher de sofrer por antecipação.

Já uma amiga minha está a dias de fazer 30. Expressou sua angústia no nick do MSN, o que me pareceu uma boa oportunidade de comentar com ela que eu estava começando este blog. Deu-se o seguinte diálogo:

TH - em 8 dias...

N - Bom, com certeza não vai mudar nada daqui 10 dias, você vai estar igual mas com 30 anos hahaha

TH - mas falar 30 pesaaaaaa!

N -
ah sim. Mas pensa que vc ainda vai falar 40, 50, 60 e, se Deus quiser, 70, 80... hahaha

N - a alternativa pra nunca ter de falar que tem 30 anos é morrer, entao vale mais a pena falar que tem 30

TH - hehe Pois é, mas que bom seria dizer 20 novamente! Ou pelo menos 25.


N - Bom, voce pode até dizer, mas não vai ter hahaha


É, minha gente. Sinto dizer, mas realmente a alternativa pra não ter 30 e, portanto, não passar por crise alguma, é morrer antes disso. Cruel, mas verdadeiro. Melhor não, né? Pensando bem, umas ruguinhas incipientes não fazem mal a ninguém...