Nesses meus quase 30 anos de vivência e de convivência com outros seres humanos, pude observar diversos tipos de comportamentos, mentalidades, sexualidades, individualidades e vários outros “ades”. Gente de tudo quanto é tipo, tamanho, cor, cultura, poder. Entre milhares de questões e conclusões que formulei com tudo isso, desenvolvi um conceito para classificar algumas pessoas com as quais tive a oportunidade de compartir momentos, seja por minutos, horas, dias, meses ou até mesmo anos.
Seguramente todos vocês lembrarão de alguém com as características que vou enumerar. O conceito é o de “pessoas sem noção de mundo”. Explico: são aquelas que não têm a menor noção de regras básicas da convivência. Ou que desconhecem dados geográficos básicos, que fazem (ou deveriam fazer) parte da cultura geral de todos. Por “dado geográfico” entenda-se não só “Cabul é a capital do Afeganistão”, mas saber que a Torre Eiffel fica em Paris, por exemplo. Podem ser também pessoas que não sabem o que se passa ao seu redor, o que se passa no mundo. Em geral sabem só o que está na novela ou nas revistas de fofoca. Também entram na categoria as pessoas sem educação, que não sabem que tem que falar obrigado, por favor, respeitar o próximo. É um conceito bem abrangente, como vocês podem ver.
Excluo da classificação pessoas que realmente não têm acesso à educação e à informação, seja por falta de dinheiro ou por qualquer outro motivo. Quem não tem como ir viajar, pra ver como tem gente e lugar e tudo tão diferente do que a gente tá acostumado a ver na nossa vidinha cotidiana. Alguém que more numa aldeia indígena ás margens do Rio Amazonas, dessas que o Globo Repórter visita de vez em quando dizendo que nunca antes o “homem branco” havia chegado lá, não tem nem como saber que a Torre Eiffel fica em Paris.
Vou dar exemplos, para que fique mais fácil a compreensão do conceito. Uma vez recebemos em casa uma (ex) amiga da minha irmã que eu sempre odiei, justamente porque ela não tem a menor noção de mundo. Ela veio com o namorado e o cunhado. Ambos também se encaixavam perfeitamente no perfil. Pra vocês terem uma idéia, a mina não me falava “bom dia”. Ela estava na MINHA casa, comendo da MINHA comida, e não me falava sequer “bom dia”. Eu chegava e ela ficava olhando para um ponto fixo á sua frente, só pra não me olhar e fazer o esforço de me cumprimentar. E os dois trogloditas, então, que levantavam e já iam abrindo a geladeira? Se eles fossem da família, ou amigos íntimos, tudo bem. Mas não era o caso.
Sem noção de mundo.
Há alguns anos estudei italiano na Itália por um mês. Uma das minhas companheiras de viagem era absurdamente sem noção. Ela tinha 20 anos na cara e tinha medo do escuro e de dormir sozinha. Só faltava pedir pra eu dar a mão pra ela conseguir dormir. Estávamos combinando nossa viagem a Florença e ela perguntou: “mas e pra Firenze, quando a gente vai?” Dio santo, qualquer um sabe que “Firenze” é Florença em italiano. Ou não? Ainda mais alguém que estuda italiano e que está na Itália.
E o tio da minha amiga, que em pleno almoço de domingão em família vira pra ela, na época adolescente, e pergunta, do outro lado da mesa e em alto e bom som: "e aí, Laurinha, você tá virgem ainda?" Ou o avô do meu amigo, que no enterro de um velho companheiro foi abordado por uma senhora que lhe perguntou "o senhor lembra de mim?". Ele, que estava ao lado da família do falecido, respondeu efusivamente: "mas é claro!! Você era amante do Viana!". Sim, ela era amante do defunto.
Lembrei de mais uma história que merece ser contada. É de uma das milhares de primas da minha mãe. Ela é completamente tchalau (tchalau = “louco” na língua da minha família). Vejam só: certa feita, estava ela com outros familiares em um lugar que vende churros (churraria?). Um deles era “o primo viado”. Daquelas bichinhas magrelinhas, camisetinha baby look, vozinha fina, estilista de vestidos de noiva. Ela comprou seus churros e, vendo que o tal primo não tinha comprado nenhum, disse “mas você não vai comer churros??”
- Não, obrigado. Churros dão espinhas.
- Aaaah é?? E dar o cu não dá espinha não, né???
Isso dito bem alto e estridente, no meio do lugar. Eu a-mo essa história!!!
Viram só, nem sempre os “sem noção” são irritantes; ás vezes são embaraçosamente divertidos! Esses foram só alguns exemplos de “semnoçãolidade” (nossa, forcei). Mas deu pra entender o que é, né? Com certeza todo mundo conhece alguém assim. E cuidado, você pode ser um “sem noção de mundo” sem saber...
Ah, nem fala... conheço tanta gente sem noção... parece que ser assim virou algo normal. Beijos !
ResponderExcluireh... essas historias sao realmente hilarias... eo legal das historias dos sem nocção, é que qdo a gente ouve, fica de queixo caído, do tipo: "não acredito que alguém teve a pachorra de dizer ou fazer isso... sem noção..." hihihi... as é engraçado pra gente, né? hahah Imagina os coitados dos "alvos" das "semnoçãozices" dessa galera... hahahaha... mó dó das "vitimas" nessas historias q vc contou!!!!:P
ResponderExcluirNão, nem todo mundo sabe que Firenze é Florença em italiano, e não acho isso um problema. Se a pessoa estuda italiano, aí até pode ser, mas ainda assim... Isso é muito óbvio para um grupo pequeno de pessoas e ninguém tem obrigação de se interessar por cidades italianas além da capital.
ResponderExcluirE que historinha preconceituosa essa do churros, hein? Deixa o cara em paz...
Linda Carioca e SuperDivah, é fogo!
ResponderExcluirCarolina, uma pessoa que ESTUDA ITALIANO e ESTÁ NA ITÁLIA poucos dias antes de ir pra Florença tem quase obrigação de saber que é Firenze em italiano. Pode ser um grupo pequeno de pessoas, mas ela supostamente estava nesse grupo!
E a do churros foi bizarra mesmo (e por isso foi incluída no post) hahaha
Beijos
Eu tenho uma história linda sobre uma pessoa que foi assistir aquela versão modernete de Romeu e Julieta com o Leonardo di Caprio e ficou puta da vida com o namorado pq ele "estragou o final". Sabe aquele final, onde morrem os dois? Pois é... Ela NÃO SABIA!
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