segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Filhos terceirizados

Um monte de gente hoje compartilhou no Facebook um post sobre levar a babá em viagens do blog Viajando com Filhos. O povo meteu a boca no texto pelo teor "casa grande e senzala" dele, e concordo com as críticas. Mas não é nesse mérito que eu quero entrar.

Neste fim de semana, enquanto jantava em um shopping paulistano, observei uma cena que me fez pensar muito: uma mulher muito elegante, com sua bolsa Chanel a tiracolo, jantava com os filhos gêmeos de menos de dois anos de idade e a babá. A mulher olhava para um lado, com cara de tédio, e comia enquanto a babá olhava para o outro lado, dava comida pros meninos e comia também. Ninguém se falava, ninguém ria. Em vez de ser um jantar gostoso com os filhos, era um jantar incômodo com a babá.

Não quero julgar ninguém porque cada um cuida dos filhos como bem entender, mas a minha reflexão com esses dois casos é a seguinte: será que não estão "terceirizando" demais o cuidado e a educação dos filhos, não?

Vai ver que para mim é fácil falar, já que ainda não tenho uma nadjinha ou um nadjinho, então não sei como é na prática ter que cuidar de um filho. Mas se você está presente, seu filho também, na mesma relação tempo X espaço, por que cazzo você não pode cuidar dele?? Se não quer correr atrás de bebê, limpar bunda suja, ter paciência pra ler historinha de noite, por que tem filho então? Porque não há nada que se possa fazer na vida a não ser casar e ter filho, então é se reproduzir é um dever? Porque as fotos do bebê na piscina ficam lindas no Facebook?

Uma babá que cuide do rebento enquanto você trabalha ou vai a um jantarzinho a sós com o marido, que maravilha, desde que seja paga direitinho e respeitada e etc etc. Só que tem que levar a babá pra uma viagem em família, pra um almoço de domingo, pra um passeio no shopping? Não dá pra correr atrás você mesma, prestar atenção você mesma, educar você mesma?

Sei lá, pensamentos de quem não tem mas um dia, quem sabe, quando e se tiver filho não pensa em levar a babá pra tudo quanto é canto.

8 comentários:

  1. Nadja, não vi o post no facebook, mas concordo contigo. Uma coisa é contratar alguém para te ajudar (como no caso de precisar de alguém enquanto você está no trabalho), outra é largar o filho na mão dos outros o tempo todo... Não conheço a história toda, mas pra mim parece que andar com a babá por aí é mais pra status que qualquer outra coisa...
    Abs
    Anita

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  2. Estando de férias em hotel ou mesmo na praia aqui no Guarujá a gente vê o quanto uma mãe pode ser incompetente, porque não sabe nem fazer um castelo de areia com a criança... A pobre da babá tem até que entrar na água com o rebento da madame, vestida com calça jeans com aquele calor de 400 graus... E aí eu penso, como as mulheres de hoje tão modernas, tão poderosas, retrocederam tanto com relação a maternidade??? Será que tá fora de moda ser uma mãe atenciosa, dedicada e participativa???

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  3. Eu fui uma das que compartilhei o texto. Fora a total "sem-noçãozice" no tratamento com a babá, uma coisa que chamou a atenção foi uma frase do tipo: ela fica lá sentada na areia, fazendo castelinho com o meu filho e eu fico sentada na cadeira vendo revista. Que toca exatamente no que vc disse aqui. Poxa, se vc não tem paciência ou disponibilidade nem pra brincar com seu filho, why bother? sabe?
    Ai, eu fiquei revoltada sim. Comecei o texto achando já um absurdo tratar alguém que trabalha pra vc tão mal (e o pior, achando que tá fazendo um FAVOR), mas depois só foi piorando quando fui lendo como era a relação dela com o filho.
    Aff... até quando??

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  4. Nas minhas férias, eu fiquei em um resort e vi uma família com 6 adultos e 4 crianças, com 2 babás. Será que 6 adultos não conseguem dar conta de 4 crianças de sua família? Precisam levar 2 babás? Depois, estranha sou eu, que não tenho filhos... Melhor não ter do que terceirizar os rebentos.

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  5. Eu li esse post e fiquei chocada, enojada! A pessoa não tem a paciência, a capacidade, a decência de cuidar do SEU filho em momentos de lazer? P/ trabalhar, tudo bem. Eu tenho um filho de 1 ano e meio e trabalho fora, ele fica em escolinha, mas qdo estou em casa, passeando, etc. SOU MÃE! Amo cuidar do meu filho e o trabalho que eles dão, vem no pacote de quem escolhe ser mãe, oras!
    Outro ponto escroto é a maneira como ela se refere à babá, como se preocupa com a comida, essas coisas.
    O blog está sem acesso, deve ter sido muito criticada e não aguentou a pressão. Fiquei horrorizada!
    Filho quem cria é a mãe! Que acalma, que dá banho, comida, que conta estorinhas, aguenta as birras ... e brinca de castelo de areia!

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  6. Nadja, concordo com vc, se é para ter filho para "cumprir um papel que a sociedade cobra", melhor não ter. Mas muitas mulheres não aguentam a pressão da família, dos amigos, de estranhos (manja aquela vizinha que vc só encontra no elevador e te pergunta sem cerimônia nenhuma "não quer ter filhos?"), enfim, acabam cedendo a vontade dos outros, tem filhos, e passam a responsabilidade de criá-los para babás, avós, ou outras pessoas. Meu sonho de infância sempre foi ser mãe, sempre fui apaixonada por crianças, sou berçarista formada pela Cruz Vermelha Brasileira, e com 4 anos de casada decidimos que era hora de ter nosso bebê. Para isso combinamos que eu não trabalharia fora de casa. Como eu iria abrir mão de educar minha filha, tão esperada, tão querida? Abri mão de muitas coisas (materiais), não vou dizer que é fácil, pois só contar com a renda do meu marido é difícil. Mas nada, nada paga o primeiro dentinho que vi nascer, o primeiro sorriso, tudo, tudo eu vi primeiro! Agora minha mocinha tem 9 anos, e agradeço a Deus a oportunidade de ter curtido cada segundo desses momentos! Baci

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  7. É muito complicado. Hoje em dia a criança só serve para ser desfilada no shopping e eventos sociais que permitem crianças: "Oi amiga, essa é meu filho/ filha, ela é linda não é? Babá, é melhor você levar no parquinho enquanto eu converso com a fulana!" e assim vai...

    Fico triste e indignada, porque a cada dia que passa se vê essas coisas!

    Bjs

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  8. Concordo plenamente!!
    Acho que era das babás um absurdo!
    Uma vez fui num resort na região serrana do RJ e fiquei espantada com o número de mulheres de branco. Outra vez, fui fazer um cruzeiro e vi uma mulher de uns 30 e poucos, com os pais, o filho, de uns 4 anos, e a babá. A criança não tinha a menor intimidade com a mãe, só com a babá. A mãe, claramente, não estava nem aí para o menino. Achei muito triste!!! Muita pena dessas crianças...

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