segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pais dos pais

Dizem que a vida é um ciclo, do pó viemos e ao pó voltaremos, etc etc. E se a gente for pensar, é isso mesmo. Uma coisa curiosa que eu venho observando nestes meus quase 30 é que, em algum momento não definido mas mais ou menos com essa idade, a gente meio que começa a ser pais dos nossos pais.

A gente se preocupa se eles não ligam, se pega falando pra eles coisas como "boa viagem, dirige com cuidado". Dá conselhos. Ou cuida deles quando precisa, tipo um pós-operatório. Conta as gracinhas deles pros amigos, que nem mãe com bebê - e que nem eles provavelmente faziam quando éramos pequenos. Antes eram eles falando tipo "minha filha outro dia leu "Rio de Janeiro" na camiseta da tia, nem 4 anos e já tá aprendendo a ler!", agora somos nós contando as façanhas tipo "mamãe foi promovida" ou as estripulias como "ai, gente, e papai outro dia que contou que foi xavecar uma morena no supermercado..."

A tendência é que isso se acentue conforme os nossos pais vão ficando mais velhos. Vejo pela minha avó, que aos 80 anos mais é cuidada do que cuida, embora esteja relativamente muito bem (e com uma pele incrível!). Na verdade, acho que na nossa idade a gente tá meio de igual pra igual com nossos pais. Por mais que eles continuem cuidando da gente de alguma maneira, seja com apoio moral, colo ou aquela ajudinha monetária quando precisa, a gente já fala de temas mais "adultos", já compartilha um monte de coisas que antes nem tinha como porque não faziam parte do nosso universo de criança/ adolescente, ou se faziam era com outro ponto de vista. Trabalho, amor, relações em geral, por exemplo. Mas a inversão de papéis já começou, ainda que lentamente.

Louco... Mas é uma das belezas da vida, né?

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