domingo, 21 de março de 2010

Desgraçada

É apertar um botão e todas as desgraças do mundo entram no aconchego do seu lar. Catástrofes de tudo quanto é jeito, assassinatos, acidentes... é violência, destruição e tristeza até não poder mais.

E você não vê a desgraça uma vez só. Tipo viu, se impressionou, que merda, fazer o quê, o show e a vida têm que continuar, eu vou é comprar papel higiênico que tá acabando. Não! Ela é mostrada, esmiuçada, comentada e repetida 457 vezes por 52 canais de TV, 135 portais da internet, 43513 blogs, 27813 twitts e assim vai. Dependendo da magnitude da tragédia, isso dura dias e dias até que outras aconteçam e ocupem o seu lugar, recomeçando todo o processo. Parece que não dá pra escapar.

A mídia mostra demais esse tipo de coisa. Sem falar das bizarrices humanas, das humilhações ao vivo e a cores, dos barracos homéricos em tempo real. Tudo negativo, tudo trevas. É disso que o povo gosta. É isso que vende.

E se passassem a dar mais boas notícias? Ou a suavizar um pouco as más? Imagine que bacana se você abrisse o jornal e lesse uma coisa assim:

"Depois de anos economizando, a manicure Roseli Pereira, 45, finalmente vai realizar o sonho de conhecer Paris."

OU

"Um homem foi assaltado quando chegava em casa hoje, ao redor das 20hs, na Vila Nhocunezinho. Em compensação, outros 2672 moradores do bairro não tiveram maiores problemas ao retornar ás suas residências. Inclusive era aniversário de um deles, o sr. Sandoval Carvalho, que fez 70 anos e ganhou uma festa-surpresa de sua mulher, dona Geni, com a presença dos quatro filhos e 11 netos do casal."

Não seria sensacional?

Claro que estou exagerando. Mas comecei a pensar nessas coisas quando percebi que estava ficando medrosa e ansiosa demais. Acho que um pouco por razões que não vem ao caso agora, mas também vi que me expor tanto a tantas notícias ruins e negatividades afins estava me afetando.

Acho difícil a mídia mudar essa postura de explorar as mazelas humanas nas suas mais distintas magnitudes. E também é óbvio que o fluxo de informações só tende a aumentar, com tantos meios tecnológicos para isso. Mas podemos filtrar um pouco o que chega até a gente, né? Ou como isso impacta na nossa cachola.

Não estou dizendo que temos que fechar os olhos pras ruindades do mundo e nem que temos que viver nos enganando, achando que tudo é um mar de rosas. Temos que saber o que está acontecendo por aí pra se conscientizar, se solidarizar, agir se for o caso, se comover, ou mesmo só saber o que se passa com nossos semelhante, afinal o mundo é um só e estamos todos ligados de algum jeito, todos no mesmo barco.

O que quero dizer é: acho que a gente precisa saber que um avião caiu, mas talvez não seja realmente necessário explorar os pormenores da vida das 200 e poucas pessoas que estavam nele e nem exatamente como as famílias das vítimas se sentiram. Porque isso a gente imagina, né??

Uma sugestão pra diminuir um pouco a presença de tanta desgraceira na nossa vidinha cotidiana é menos TV e internet e mais livros, mais DVDs bacanas (isso vale também para você mesma, dona Nadja G.). Mais blogs engraçados e menos portais de notícias. Sem se alienar e nem perder a noção do que está rolando, mas também sem paranóia. Não é uma boa?

4 comentários:

  1. Tu tirou as palavras da minha boca ! Já até comentei uma vez sobre isso no meu blog... ai, um saco, ficam falando sobre coisa ruim, explorando, massificando, um sensacionalismo infeliz !

    Acho que as pessoas estão ficando frias e começando a achar normal as atrocidades que vêem e lêem por ai... e isso me assusta !

    Ah, eu quero coisa positiva também... ler sobre coisa boa e positiva !

    Beijos, adoro seu blog !

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  2. Linda, só agora vi seu post! Que coincidência! Mas é que cansa mesmo, né? É informação demais!

    Obrigada!!

    beijos

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  3. Ai, Djones, concordo 100% com você. Na epoca daquele menino que foi arrastado por assaltantes no Rio eu comecei a me revoltar com isso. Me esforço sempre para não clicar em notícias sobre acidentes e coisas do gênero. Primeiro pq não quero que isso me afete (e tem afetado mto, vide o lance do avião) e tb pq não quero dar audiência para esse tipo de notícia. Quem sabe assim eles mudam o foco...

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  4. concordo em gênero, número e grau... e tbm faço como a Tha, acima... passo longe disso tudo, sempre que possível, né? Sim, pq tem sempre alguem falando das tais desgraças na fila do banco, ou uma vó que já liga no Datena na hora do seu café da tarde, ou coisas do gênero... aí, entra o filtro.... Já vou mudando de assunto ou tentando "entreter" minha cabeça com outros assuntos... :)

    :*:*:*

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