domingo, 15 de novembro de 2009

Air guitar e limites

Sabem, ás vezes vejo mulheres suportando coisas de seus respectivos que eu não suportaria. O porquê disso é assunto pra um outro post, e dos grandes. Mas acho que por isso demorei tanto pra ter um macho pra chamar de meu, o que no caso é um pensamento positivo. Tem coisas que simplesmente não dá pra aguentar.

Um exemplo: casamento de uma grande amiga minha. Faz tempo, mas nunca esqueci. Uma prima dela chega com o novo namorado. Eu não o pegaria, mas até aí eu não pegaria praticamente nenhum dos namorados das minhas amigas e conhecidas em geral (digo, não pegaria nenhum mesmo porque não sou mulher de pegar homem de amiga, mas quis dizer se eles não estivessem com elas, entenderam?).

Ele parecia normal, até que começou a festa. Aquelas músicas de sempre, a negadinha dançando freneticamente, foi numa festa gelo e cuba-libre, a mulherada descalça, quem fez chapinha com o pixaim voltando à ativa, quem fez baby-liss ficando com os cabelos escorridos de novo (meu caso), é a vida, é bonita e é bonita, os homens com a gravata amarrada na cabeça - aquela coisa meio Rambo -, a camisa aberta, todo mundo suado, e quando você vai ver está ensinando a coreografia de poeeeiraaa le-van-tou poeiraaaa pro pai da noiva. Aquela alegria.

Aí eu olho e o tal namorado da prima estava fazendo air guitar. Air guitar, pra quem não sabe, é aquele gesto de imitar alguém tocando guitarra, mas sem a guitarra. Você só mexe as mãos e faz uma cara de quem está tocando. Já ouvir dizer que nos EUA tem até campeonato disso. Ai, esses gringos.

Mas o fato é que lá estava ele, logo depois de ser apresentado pra toda a família dela, tios, primos, avó, agregados, logo depois de ter ficado com aquele sorriso forçado, agüentando as piadinhas bobas de um tio mais brincalhão, respondendo as perguntas de um primo mais folgado, lá estava ele fazendo air guitar na frente de todo mundo. E não era discretamente, não era um leve air guitar de alguém que está só acompanhando a música de algum jeito. No meio da pista, ele mexia muito as mãos, abaixava, levantava, se ajoelhava, fazia caras e bocas, cantava, pulava, parecia estar em transe, ou possuído pelo espírito de algum Jimi Hendrix da vida. E nem era uma música que pedia tanto, devia ser Chiclete, ou Skank, ou Ivete, não lembro. A imagem me chocou tanto que só lembro das mãos frenéticas dele e da cara de possuído, não lembro a trilha sonora da cena.

Ela ao lado, estóica, dançando como se estivesse tudo normal. Pelo menos ela não começou a fazer o mesmo.

Eu não poderia. Eu não su-po-ta-ria. Terminaria tudo ali mesmo. Olha, querido, você é um cara legal. Eu estava gostando de você, mas meu senso do ridículo é mais forte que eu! Eu aguento piadinha sem-graça, um a nível de de vez em quando, um sapato feio, até pochete eu poderia agüentar. Mas air guitar é demais para mim. Com certeza você vai encontrar uma mulher que ache air guitar lindo. Eu não. Boa sorte. Viraria as costas, ia perseguir o garçom com as coxinhas e su-mia.

Se bem que uma garota que apresenta o novo namorado pra toda a família dizendo "tio, este é meu homem" também faz por merecer.

3 comentários:

  1. Tem um ex meu que desencalhei de vez o dia que ele me mandou um e-mail no qual conjugava o verbo haver sem h: "Porque você é alguém que me conhece a muito tempo"... O caro tem mestrado em ciências políticas. Não dá.

    Te apóio 100%.

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  2. Noção do ridículo é subjetivo, logo o que não lhe é ortodoxo pode ser para o jovem. Enfim, bons homens se encontram em boas universidades, não em festas (termo atual: baladas), diz um velho provérbio anglo-saxão do século XVII.

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  3. Senhorita dona do blogue, não é-lhe possível acabares com esta censura prévia? É demasiado chato escrever algo e poder visualizá-lo apenas dias após... Encerra qualquer debate entre os paricipantes.

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