sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Das férias

Viajar nas férias é coisa divina. É apertar o "pause" da vida e ir pra outra dimensão, na qual casa e trabalho e picuinhas estão há anos-luz de distância, mesmo que estejam só a umas centenas de quilômetros. Quando você voltar aperta o play de novo e pronto. Se a vaca foi pro brejo, depois nóis desatola ela, como dizia aquela antiga propaganda de Maracujina.

Se é esse tipo de viagem em que se passeia muito, o corpo cansa mas a cabeça descansa, o que é ótimo. Lugares novos, palavras novas, dificuldades novas. Passear, relaxar, tirar foto, fazer compras, comer como se não houvesse amanhã. Você até lembra da sua vidinha normal de vez em quando mas pensa nela como se fosse a de uma outra pessoa. Talvez aquela que ficou lá enquanto você mesmo foi viajar.

Mas nem tudo são flores. Como sempre. O grande problema das férias é que elas acabam. Abruptamente. Quer dizer, nem tão abruptamente assim porque você sabe que elas acabam e quando. Você falou com seu chefe, você avisou a empregada, você comprou passagem. Mas é sempre um sustinho, porque estava tudo tão bem, né? Passear, relaxar, tirar foto, fazer compras, comer como se não houvesse amanhã. Mas casa e trabalho e picuinhas ainda estão lá, naquela outra dimensão, te esperando. Longínquas, mas firmes e fortes. Não tem jeito.

E então acontece a volta das férias. A gente se sente como deve se sentir um bebê que acabou de nascer. Meio assustado, deslocado, incomodado. Inclusive, quando entro no avião pra voltar, tenho vontade de chorar como um. Mas realmente não tem jeito.

Você finalmente chega em casa. Essa parte até que é boa. Só que aí você volta a trabalhar. Essa parte é a que dói. Esqueceu senhas, não lembra de cabeça o que deixou pendente, sofre por causa do jetlag, tem que se atualizar sobre o que está rolando mesmo que não esteja afim. Fica pensando que dois dias atrás estava numa praia paradisíaca, ou passeando pelos alpes suíços, ou fazendo compras em NY, ou simplesmente descansando em um cenário mais ajeitado ao que está acostumado e agora está lá, fechado num escritório ou de olho no blackberry. Bem-vindo de volta!

Dureza, minha gente. Dureza.

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